Moscas

Moscas

    É uma ordem dos insetos caracterizada pelo tamanho reduzido das asas traseiras e pela proeminência das asas dianteiras. O grupo tem cerca de 150 mil espécies descritas em todo o mundo. Os representantes de Diptera habitam quase todos os lugares. Distinguem-se dos outros insetos alados por possuir somente um par de asas, correspondente ao par anterior, transformando-se o par posterior em pequenas estruturas clavadas denominadas halteres, que funcionam como órgãos de equilíbrio.

     

    moscas

    Filo: Arthropoda                                Classe: Insecta                                            Ordem: Díptera

     

    Descrição e biologia
    A Ordem Diptera pode ser dividida em duas Sub-ordens Nematocera e Brachycera. A sub-ordem Nematocera engloba os dípteros que possuem antenas longas, com mais de seis segmentos livremente articulados, como os mosquitos, borrachudos e flebotomíneos. Em Brachycera estão os dípteros superiores, as moscas, que possuem antenas curtas, de 3 a 5 segmentos. Em geral, apresentam cabeça móvel, com olhos compostos grandes, laterais e que ocupam grande parte da cabeça. Possui o primeiro par de asas membranosas com nervuras mais ou menos ramificadas sendo o segundo par de asas atrofiado, chamados de halteres, tendo função de equilíbrio durante o vôo. Abdome com o primeiro segmento
    bastante reduzido, fundido ao segundo. Os últimos são transformados em genitália, que nas fêmeas de certos grupos são em forma de tubo. O aparelho bucal é adaptado para picar e sugar ou apenas sugar. Larvas e adultos têm hábitos bastante variados, podendo se desenvolver tanto em meio aquático como terrestre, sendo que as larvas que vivem em meio terrestre se alimentam de matéria orgânica em decomposição, carcaças de animais mortos e excrementos. Já os adultos são geralmente terrestres e polífagos, ou seja, alimentam-se de inúmeras substâncias, podendo ser também hematófagos (somente as fêmeas). A maioria dos dípteros é de vida livre, porém existem espécies parasitas na forma adulta.

    Ciclo de vida

    São holometábolos (ovo, larva, pupa e adulto) e apresentam reprodução sexuada. Os ovos apresentam formatos variados e, quando em meio líquido, possuem estrutura especial para flutuação. As larvas geralmente são do tipo vermiforme e as pupas podem ser móveis ou imóveis. As descrições dos ciclos de vida de cada grupo serão detalhadas a diante.
    Principais Espécies e Danos Causados

    Existem dípteros de importância agrícola, médica e veterinária. Do ponto de vista médico, existem os mosquitos sugadores de sangue, que podem ser vetores de doenças como a malária, febre amarela, dengue, encefalite, filariose, etc. A mosca doméstica ao entrar em contato com alimentos, pode vir a transmitir tifo e desenterias, a mosquinha lambe-olhos transmite a conjuntivite. Outra mosca de grande importância, mas que não ocorre no Brasil, é a Tse-tsé, causadora da doença do sono. De importância veterinária, as moscas varejeiras, a mosca-do-berne e a mosca-do-chifre se destacam.

    Princiais Espécies

    Subordem Brachycera

    – Família Muscidae
    Mosca doméstica – (Musca domestica)

    É a espécie mais conhecida, pode ser encontrada, com maior ou menor frequência, no interior das residências, em quartos, cozinhas, estábulos, granjas, mercados, abatedouros, feiras livres, etc. É de grande interesse médico-sanitário e sua ocorrência, distribuição e predominância nas áreas metropolitanas são fatores de grande importância em saúde pública. Em condições normais de vida, a mosca doméstica pode transmitir agentes patogêncios, como vírus, rickétsias, protozoários, bactérias e ovos de helmintos. Age raramente como hospedeiro intermediário, porém quase sempre atua como transportador mecânico.
    Sofre metamorfose completa, passando por 4 estágios de desenvolvimento: ovo, larva, pupa e adulto. Os ovos são deixados em locais escuros (estercos ou matéria orgânica em fermentação), em uma profundidade de 8 a 10 mm. São brancos, brilhantes, de forma alongada e depositados em massa. Cada fêmea pode depositar 120 ovos por postura, podendo haver até 6 posturas. O total de ovos por fêmea varia de 400 a 900 durante toda a vida. Os ovos geralmente demoram de 8 a 24 horas para a eclosão das larvas. Estas, em condições favoráveis, completam seu desenvolvimento de 3 a 7 dias. No final do desenvolvimento abandonam o local e enterram-se no solo para a pupação. Nos últimos dias, as larvas deixam de alimentar-se, endurecem e formam o pupário, dentro do qual se encontra a verdadeira pupa. A fase pupal é de 3 a 6 dias. Logo após a emergência ou até 24 horas após, as fêmeas já copulam e ovopositam cerca de 2 a 20 dias depois. Uma mosca fêmea tem vida normal de 2 a 12 semanas, a longevidade média é de 30 dias.
    Mosca dos estábulos –( Stomoxys calcitrans)

    É frequentemente confundida com a mosca doméstica, mas se diferencia por apresentar uma probóscide preta brilhante, projetada horizontalmente na frente da cabeça. Possui uma distribuição quase cosmopolita. Ambos os sexos sugam sangue de bois, carneiros, cavalos, porcos, cães e até o homem. Não costuma invadir residências e é encontrada, em grande número, em épocas quentes do ano, atacando animais domésticos.
    Cria-se em alfafas, grãos ou farinhas úmidas que se encontram embaixo dos coxos, nos currais. Pilhas de grama cortadas em jardins constituem um bom material para a criação de larvas. Os ovos são depositados em forma de cachos. Cada fêmea produz até 632 ovos, podendo realizar 20 posturas durante a vida. O período de incubação varia de 2 a 5 dias. As larvas completam seu desenvolvimento em 14 a 26 dias e o período pupal varia de 6 a 26 dias. Os ovos começam a ser depositados 18 dias após o adulto emergir do pupário.
    Seus ataques podem determinar a perda de sangue e redução de peso dos animais. Apresentam também importância na transmissão mecânica de doenças infectocontagiosas nos animais domésticos e ao homem, como: anemia infecciosa dos equinos, carbúnculo hepático e várias formas de tripanossomoses.
    Falsa mosca dos estábulos – (Muscina stabulans)

    Cosmopolita, ocorre na Região Neotropical, desde o México até a Patagônia. Penetra em residências e faz postura em alimentos.
    Mosca dos chifres – (Haematobia irritans)

    Ocorre em todos os estados brasileiros. É semelhante à mosca doméstica, mas de apenas 4 mm de comprimento. Seu principal hospedeiro é o gado bovino. É rara em residências.

    – Família Fanniidae
    Pequena mosca doméstica – (Fannia canicularis)

    Cosmopolita e juntamente com a mosca doméstica é uma das espécies mais comuns no interior das residências. Os adultos têm comportamento peculiar, preferindo voar no meio do quarto, pousam em objetos suspensos, tais como fios elétricos e lustres. Cria-se em excrementos humanos e de animais, insetos mortos, matéria orgânica vegetal em decomposição (cebolas, fungos), carnes salgadas, ninhos de pássaros, etc. A importância epidemiológica para o homem ainda é incerta. Em algumas ocasiões foi registrada causando miíases intestinais e urinárias no homem.

    – Família Calliphoridae
    Mosca das bicheiras – (Cochliomyia hominivorax)

    Ataca aparentemente qualquer animal de sangue quente, causando um tipo de miíase cutânea primária. Qualquer tipo de ferimento, umbigo de animais jovens, aberturas naturais do corpo (narinas, ouvidos, ânus, olhos e boca) podem ser infestados pela larva dessa mosca. A infestação de aberturas naturais ocorre quando há ferimentos ou extrema falta de higiene. Nas regiões tropicais da America, causa ao homem miíases do tipo nasofaringeano.
    Mosca varejeira – (Phaenicia cuprina)

    Cosmopolita, é importante causadora de miíases em ovelhas. A larva alimenta-se da linfa que atravessa o tecido epidérmico, assim como do tecido necrótico das feridas. Os adultos são encontrados em lixo urbano, frutos caídos e néctar de flores.
    Moscas Chrysomya – (Chrysomya spp.)

    São vistas em grande número, nos centros urbanos de várias cidades do sudeste brasileiro, em produtos expostos nas feiras livres. Criam-se em grande número nos lixões ao redor das cidades, pocilgas, abatedouros, fossas, sépticas, etc. Podem apresentar grande importância epidemiológica na transmissão de doenças entéricas, poliomielite e parasitas intestinais.

    – Família Cuterebridae
    Mosca do berne – (Dermatobia hominis)

    Causa ao homem e animais miíases dermais, oftalmomiíases, miíases palpebrais, rinomiíases e miíases cerebrais. As lesões podem ser complicadas devido ao ataque de larvas de outras espécies de moscas. A produção de leite e carne do gado doméstico é reduzida pelo ataque dessa mosca. A indústria do couro é prejudicada, pois o couro dos animais infestados não resiste ao tratamento industrial devido às perfurações causadas pelo inseto.
    As moscas atingem a maturidade de 1,5 a 4 horas após a emergência do adulto. A fêmea começa a oviposição dentro de uma semana, podendo realizar várias posturas. Os ovos são depositados no corpo de outros insetos que ocupam animais vertebrados de sangue quente e as larvas se desenvolvem cerca de uma semana depois da postura.

    – Família Phoridae
    Mosquinhas – (várias espécies)

    O grupo é muito grande e sua exata identificação só pode ser feita por especialistas. Desenvolvem-se em vários meios, como frutos, carnes, moluscos ou insetos mortos, fungos, carcaças, excrementos, etc. Algumas espécies vivem em ninhos de formigas. A fêmea é atraída pelo cheiro das secreções serosas que exsudam de ferimentos, nestes depositam seus ovos, causando miíases.

    – Família Drosophilidae
    Mosquinhas das frutas – (Drosophila spp)

    Conhecidas pelos geneticistas, medem 5 mm de comprimento. As larvas de algumas espécies são fungívoras e consideradas pragas de cultura de cogumelos. Na indústria de enlatados de frutas e de outros vegetais, essas mosquinhas podem causar grandes prejuízos econômicos. Grandes concentrações são encontradas próximas às indústrias de tomates, sucos de frutas, etc. Poucas espécies são atraídas por lixo ou frutas maduras, fermentadas ou apodrecidas no interior de residências e mercados. O desenvolvimento larval é muito rápido, de 8 a 12 dias em condições de laboratório.

    – Família Piophilidae
    Mosca do queijo – (Piophila casei)

    Mosca preta, muito pequena, com 2,5 a 4 mm de comprimento. As fêmeas depositam seus ovos em carnes e queijos. Nos abatedouros, as larvas se desenvolvem em grande número em carnes preservadas: charques, carnes salgadas, presuntos curados, etc. Nos laticínios e armazéns se cria em queijos e outros alimentos. Os ovos demoram 1 dia para o nascimento das larvas. O ciclo biológico é de 11 a 30 dias. Foram registrados na literatura numerosos casos de miíases intestinais, produzindo intensas cólicas.

    – Família Chloropidae
    Moscas lambe olhos – (Hippelates spp.)

    Pequenas, com 1,5 a 2,5 mm de comprimento. São atraídas pelas secreções mucosas, pus, sangue nos olhos de animais e do homem. Algumas são atraídas por feridas expostas de órgãos genitais de animais domésticos.

    – Família Syrphidae
    Mosca dos esgotos –( Eristalis tenax)

    Cosmopolita, adulto com aparência de abelha. Mede 15 mm de comprimento. As larvas vivem em esgotos, excrementos líquidos, carcaças em decomposição, etc. A presença desta mosca em água estagnada é indício de alto grau de poluição. Vários casos de miíases gastro-intestinais são registrados na literatura. Adultos são florícolas e alimentam-se de pólen.

    – Família Psychodidae
    Moscas dos filtros – (várias espécies)

    Criam-se com frequência nos filtros das estações de água e esgotos. Podem ocorrer em grande quantidade nos encanamentos e ralos das residências, chegando a causar desconforto aos habitantes. Algumas espécies causam miíases.

    Prevenção

    Colocação de telas em portas e janelas
    Manter o lixo em sacos plásticos ou latas de lixo bem fechadas e sempre limpas
    Manter os alimentos em recipientes tampados
    Remover fezes de animais
    Implantação de esgoto com estações sanitárias

    Métodos de controle

    Podem ser aplicados produtos químicos, fazendo-se pulverizações de poder residual e utilizando-se aerossóis dentro de residências. São utilizadas também, iscas com poder residual, que possuem um atrativo na sua calda. A impregnação de cordões é feita mergulhando-se os fios na calda inseticida e a seguir são esticados e deixados nos estábulos, celeiros, aviários, etc. As iscas envenenadas são granuladas e possuem um feromônio em sua composição. Podem reduzir a população de moscas em poucas horas, todavia tem curta duração. São utilizados ainda métodos como o tratamento de ração, armadilhas especiais: luminosas, pega-mosca, botijões plásticos, palmatória, garrafas pega-moscas, espirais, saquinhos plásticos com água, placas fumigantes, vela com citronela, etc.
    A utilização do MIP é recomendada para melhores resultados.

     

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